A Trilogia de Nova York (1987) é considerada a obra emblemática do escritor americano Paul Auster, um artista considerado pela crítica literária como um dos grandes nomes da literatura mundial. Este é um livro costurado no entrelaçamento de três estórias de mistério passadas no submundo da metrópole norte-americana, em que os personagens (assim como o leitor), vão gradativamente se tornando prisioneiros dos quebra-cabeças engenhosos saídos da imaginação alucinante do escritor.
Ainda estou lendo a primeira parte desta sinfonia -- Cidade de Vidro -- em que o personagem Daniel Quinn (escritor de romance policial), leva uma vida solitária e afastada do néon da cidade até atender um telefonema feminino no meio da noite procurando por um detetive particular. Ao decidir se fazer passar por outra pessoa, o personagem mergulha num mar de dúvidas e passa a questionar até sua própria identidade.
Apaixonei-me pela prosa límpida de Paul Auster, pelo ritmo que ele imprime ao romance e por passagens como esta, abaixo (em tradução livre)
"Uma hora mais tarde ele desceu do ônibus na esquina da Rua 70 com a Quinta Avenida. Num dos lados estava o parque, o verde ao sol matinal, do outro lado erguia-se o Frick, alvo e austero, como se tivesse sido entregue aos mortos. Por um momento ele pensou no quadro de Vermeer Soldado e Moça Sorrindo, tentando rememorar a expressão do rosto da jovem, a posição exata de suas mãos ao redor da xícara, o dorso vermelho do homem sem rosto. Num lampejo, ele viu o mapa azul preso à parede e a luz do sol passando através da janela da mesma maneira que a luz o envolvia agora."
(Johanes Vermeer) O interior de uma residência com iluminação natural suave e duas figuras humanas como nesse Soldado e Moça Sorrindo, são temas típicos de um quadro de Vermeeer, um pintor do cotidiano. A moça se destaca por estar completamente iluminada pea luz que passa através da janela. O soldado está praticamente na sombra, ambos com poses e expressões naturais.
Nem escadarias nem hordas de turistas ansiosos empurrando o cordão de segurança que protege a obra de arte. O Frick Collection é um museu dos mais destacados do mundo que tem em sua escala diminuta um dos bons atrativos, assim como sua atmosfera intimista de bancos, jardins e objetos. A mansão -- com vista para o Central Park -- foi construída para ser a moradia de um magnata do aço, Henri Clay Frick. Ele dispôs as obras nas 16 galerias da casa tendo como critério principal o jogo de analogias entre os quadros, sem se importar com o vínculo histórico ou estilístico. Da imensa lista de mestres destacam-se Bellini, Piero della Francesca, Vermeer, Goya e Rembrandt.
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