quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nova Veneza, Goiás

Desta vez o relato de viagem fica por conta de minha irmã, Themis. Quem é de Santo André sabe que ela tem uma casa lá, na mesma rua que nós, a rua da Linha do Telégrafo. Como ela não mandou foto, e eu não trouxe meu computador, coloquei a foto da neta dela, a Janaína. Achei no Orkut.
Gostei tanto do relato de minha irmã, ela sempre tem esse olhar -- original, sensível e com um toque de humor.
Thanks, sis.
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"Falar de viagens é complicado. As imagens se misturam e as sensações ficam perdidas na memória, como sonhos. Só posso falar de viagem recente, onde os fatores ainda estão vivos.
Neste último fim de semana fui a uma cidade goiana - Nova Veneza - a começar pelo título, a marca de redutos de imigrantes como: Montevidio, Noviyork, etc.
No caminho conversava com meu companheiro sobre a imigração no caso de Nova Veneza: italianos pobres a fundaram após a segunda guerra. De fato, nada lá ostenta riqueza. Uma cidade como outra qualquer do interior goiano com suas casas simples e coladas umas nas outras refletindo o sol escaldante do Goiás. Bom, no fim de semana em que estive lá havia uma festa tradicional para marcar a origem do seu povo. Quando lemos no jornal achamos convidativo: culinária, danças típicas, vinhos. Arrumamos a trouxa rumo à Nova Veneza.
Logo de entrada achei interessante ver moradores sentados nas calçadas ostentando uma cervejinha enquanto apreciavam o cortejo dos carros dos visitantes, ou, por outro lado, se exibindo para nós. Compreensível para cidade tão pacata, que vê raros automóveis.
Estava muito quente e as fontes, com água bem fresca, eram um convite. Ostentavam imitações de esculturas renascentistas.
Bom, com a multidão não conseguimos sentar nas mesas, melhor assim, achamos uma graminha embaixo de uma árvore O vinho seco já havia acabado, restava somente o suave. Mas o suco da uva produzida na região estava fresco e gostoso. Os molhos das massas utilizavam o queijo goiano, tipo mineiro forte e salgado, em pratos descartáveis que pendiam de nossas mãos sem mesa. Enquanto isso, de um imenso palco um locutor nos incomodava propagando a cada instante a presença das autoridades políticas presentes. As danças de crianças e adolescentes, com roupas de cores verde e vermelha, simplórias, mas com encanto especia,l dos participantes. A cada instante o lucotor propagava o projeto da primeira dama do município -- o ensino obrigatório de italiano nas escolas.
Finalmente vi o título de um dos stands - caffetira d'Itália. Aficionada como sou por café, corri para lá para constatar que era café de garrafa, sem contar que um esbarrão na multidão veio para estragar meu short novo.
De volta a Goiânia, assistimos a um ótimo suspense 'Os homens que não amavam as mulheres' sueco e desenvolvido, mas sombrio.
Portanto esta não é uma narrativa distanciada, eu sou parte desse Brasil da improvisação em meio à carência. Se não somos autênticos, temos o encanto da imitação sem constragimento."

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