Em outubro passado fomos visitar um casal de amigos que havia se mudado recentemente para Túnis, capital da Tunísia, África do Norte. Ficamos hospedados na casa de Fachini (o primeiro, à esquerda) e Soninha que, na realidade, moram em Sidi Bou Said, uma Vila antiga, nos arredores da capital. Naqueles dias, o país estava aparentemente tranquilo, mas era só aparência mesmo, o gérmen da revolta política estava plantado. Abaixo, retransmito uma reportagem que saiu no jornal "A Folha de São Paulo" no dia 15 de janeiro, para quem o Fachini deu uma breve entrevista.
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"Milhares de pessoas tomaram as ruas da Tunísia ontem para celebrar algo jamais visto no mundo árabe: pressionado, o ditador Zine el Abidine Ben Ali, 74, cedeu a protestos e fugiu do país após mais de 23 anos no poder. Agências de notícias indicaram que o ditador pegou um avião e tentou se exilar na França, mas teve o pedido rejeitado. Seu destino ontem à noite era incerto. Assumiu o poder o premiê Mohamed Ghannouchi, até então aliado de Ben Ali.
Logo após a queda do ditador, surgiram sinais de liberalização. “Os preços do pão e do leite foram reduzidos e sites como o YouTube foram liberados, atendendo às reivindicações populares”, disse à Folha o embaixador brasileiro na Tunísia, Luiz Antônio Fachini Gomes.
Mesmo assim, “o clima é de pânico e incerteza e ainda não se sabe como o premiê será aceito”, complementou.
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"Milhares de pessoas tomaram as ruas da Tunísia ontem para celebrar algo jamais visto no mundo árabe: pressionado, o ditador Zine el Abidine Ben Ali, 74, cedeu a protestos e fugiu do país após mais de 23 anos no poder. Agências de notícias indicaram que o ditador pegou um avião e tentou se exilar na França, mas teve o pedido rejeitado. Seu destino ontem à noite era incerto. Assumiu o poder o premiê Mohamed Ghannouchi, até então aliado de Ben Ali.
Logo após a queda do ditador, surgiram sinais de liberalização. “Os preços do pão e do leite foram reduzidos e sites como o YouTube foram liberados, atendendo às reivindicações populares”, disse à Folha o embaixador brasileiro na Tunísia, Luiz Antônio Fachini Gomes.
Mesmo assim, “o clima é de pânico e incerteza e ainda não se sabe como o premiê será aceito”, complementou.
ONGs de direitos humanos contam 66 mortos, incluindo suíços e franceses. O embaixador brasileiro diz que não há residentes ou turistas brasileiros feridos. O país tem uma pequena comunidade brasileira, com cerca de 60 pessoas, em sua maioria cônjuges de tunisianos, empresários e jogadores de futebol.
Os distúrbios se iniciaram em dezembro, quando um jovem ateou fogo ao corpo após ter perdido a licença para operar sua barraca de frutas. Morreu em 4 de janeiro.
Como uma bola de neve, protestos estudantis começaram de forma localizada, até acontecerem confrontos mais sérios no início da semana. A reação do governo de censurar sites como YouTube e Facebook, além do vazamento de documentos pelo WikiLeaks revelando corrupção no regime de Ben Ali, aumentaram a revolta."
Cláudio e eu na casa dos Fachinis, em Sidi Bou Said |
Como uma bola de neve, protestos estudantis começaram de forma localizada, até acontecerem confrontos mais sérios no início da semana. A reação do governo de censurar sites como YouTube e Facebook, além do vazamento de documentos pelo WikiLeaks revelando corrupção no regime de Ben Ali, aumentaram a revolta."
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