Nas brochuras das viagens de navio pelo Mediterrâneo, a Tunísia aparece como o país das praias arenosas, das ruínas antiqüíssimas, dos bazares e dos mercados das mil e uma noites. Por trás da fachada perfeita, estão as legiões de jovens desempregados governados com mão de ferro pelo Presidente Zine el-Abidine Bem Ali. Um ditador, na verdade: faz 23 anos que está no poder, onde chegou através de um golpe de Estado. Em outubro, quando fui visitar amigos que estão morando lá, vi pelo lado de fora, os palácios suntuosos onde mora e trabalha e toda a parafernália de segurança que o rodeia.
Só que agora centenas de jovens desafiam o Poderoso Chefão, inclusive o toque de recolher imposto pelo governo. Está proibido sair às ruas depois das 8 da noite. Infelizmente, houve diversas mortes nos confrontos entre os manifestantes e a polícia.
E o que tem ajudado a quebrar a barreira de medo que conservou a raiva tunisiana reprimida durante tanto tempo? As redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Mesmo com toda a censura que o governo faz na internet, inclusive invadindo (hackeando) blogueiros e senhas de usuários da internet.
Uma blogueira tunisiana, Lina Bem Mhenniis, está conseguindo manter seu blog atualizado, apesar da repressão. Nas palavras dela – “vocês podem nos censurar, vocês podem nos piratear, mas não podem nos impedir de escrever.” Vejam o blog dela aqui.
Bravo, Lina!
E o depoimento da amiga Sonia Bonzi, que mora em Sidi Bou Said, nos arredores de Túnis.
"A situação está complicada. Sidi Bou Said está sitiada. Polícia, exército, barricadas... Não sei se me sinto protegida ou ameaçada. O pau tem comido. Mais de 50 mortos, bancos e supermercados saqueados, carros queimados... Hoje até o Carrefour fechou as portas. A padaria, o supermercado, a farmácia de Sidi tudo de portas cerradas."
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