Meu sonho de consumo para hoje, 16 de junho: estar logo mais no Sebinho de Brasília, para celebrar o Bloomsday com os amantes da literatura de James Joyce. Trouxe do principal jornal da capital -- o Correio Braziliense -- a matéria abaixo; antes explico que o homem da foto é Piero Eyben, o professor que organiza o evento desde 2007. Foi meu professor, não na Universidade, mas num memorável ateliê de literatura na Asa Norte que Cláudio e eu frenquentamos durantes anos ... ..............................
Piero e Fabrícia |
"Bloomsday é um feriado comemorado hoje na Irlanda, em homenagem ao clássico Ulisses, de James Joyce. É o único dia em todo o mundo dedicado a um livro, excetuando-se a Bíblia. Em Ulisses, Leopold Bloom perambula durante 18 horas em 16 de junho de 1904. Trata-se de uma paródia ao clássico Odisseia, de Homero. Na Irlanda, a data é comemorada nas ruas de Dublin, que é a cidade onde se passa o enredo. Em Brasília, não tem folga, mas haverá festa depois do expediente.
Hoje, o evento ocorre pela primeira vez no Sebinho. “Eles planejaram fazer e, logo depois, ficaram sabendo que eu fazia todo o ano. Foi uma coincidência”, conta o professor Piero Eyben, doutor em teoria da literatura da Universidade de Brasília (UnB), que organiza o Bloomsday em Brasília desde 2007.
Nessa edição, será feita a leitura dramática de dois episódios: Cila e Caribdes e O canto das sereias que, na Odisseia, são contados no canto 12. O episódio nove se passa na Biblioteca Nacional de Dublin, onde Leopold cria uma teoria para entender Hamlet, de William Shakespeare. Segundo ele, Hamlet seria o retrato de Shakespeare, que havia perdido seu filho chamado Hamnet. Já no episódio 11, as sereias de Homero viram garçonetes em Joyce. Elas tentam seduzir os fregueses para vender bebidas. “Nessa parte, o texto é muito musical. No começo, lemos uma lista de frases soltas que, em seguida, vão aparecer ao longo dos parágrafos”, disse Eyben sobre a leitura dramática. Nesse momento, os participantes lerão cada um uma frase, todos ao mesmo tempo, transmitindo um efeito polifônico. “Vamos pular o episódio 10, que é o caminho de Leopold para o bar. Nele acontecem 18 cenas simultâneas, o que segue a lógica da obra como um todo”, explica.
Hoje, o evento ocorre pela primeira vez no Sebinho. “Eles planejaram fazer e, logo depois, ficaram sabendo que eu fazia todo o ano. Foi uma coincidência”, conta o professor Piero Eyben, doutor em teoria da literatura da Universidade de Brasília (UnB), que organiza o Bloomsday em Brasília desde 2007.
Nessa edição, será feita a leitura dramática de dois episódios: Cila e Caribdes e O canto das sereias que, na Odisseia, são contados no canto 12. O episódio nove se passa na Biblioteca Nacional de Dublin, onde Leopold cria uma teoria para entender Hamlet, de William Shakespeare. Segundo ele, Hamlet seria o retrato de Shakespeare, que havia perdido seu filho chamado Hamnet. Já no episódio 11, as sereias de Homero viram garçonetes em Joyce. Elas tentam seduzir os fregueses para vender bebidas. “Nessa parte, o texto é muito musical. No começo, lemos uma lista de frases soltas que, em seguida, vão aparecer ao longo dos parágrafos”, disse Eyben sobre a leitura dramática. Nesse momento, os participantes lerão cada um uma frase, todos ao mesmo tempo, transmitindo um efeito polifônico. “Vamos pular o episódio 10, que é o caminho de Leopold para o bar. Nele acontecem 18 cenas simultâneas, o que segue a lógica da obra como um todo”, explica.
Segundo o professor Eyben, a proposta mais tradicional do Bloomsday é a leitura de um único episódio. “Na primeira vez, tentamos fazer isso à risca, mas agora está mais encenado. Essa é uma maneira de tornar a apresentação mais agradável”, disse. Para Eyben, no Brasil, o encontro ainda é visto como algo acadêmico, visão que ele quer subverter. No ano que vem, o professor pretende produzir uma montagem teatral. “Em Dublin, a história de Joyce é incorporada por qualquer pessoa. Lá é feriado, o objetivo é se divertir. Não é o dia dos intelectuais”, acredita.
....o grupo de literatura na festa do Bloom, em 2007. Brasília, mon amour. |
Monólogos de Leopold
Além do professor, o grupo de leitura é composto por sete pessoas: quatro atores e três ex-alunos dele. O servidor público André Ardens, por exemplo, interpreta os monólogos do protagonista Leopold desde a primeira edição. “Para ser sincero, eu nem lembro por que fui o escolhido. Talvez seja porque eu fui deixando o bigode crescer”, brinca Ardens. Ele teve o primeiro contato com Ulisses nos ateliês de literatura ministrados pelo professor Eyben. “Ao ler alguns trechos do livro, comecei a me interessar por tudo que estava relacionado a ele. Passei a ler comentários e assistir a filmes sobre a obra para entendê-la melhor”, recomenda. No dia de Bloom, ele é Leopold, com direito a figurino: terno e gravata pretos e o chapéu coco. “Todo mundo tem algo em comum com o personagem. Ele não é nada brilhante, está impregnado pelo patético e frustrado pela realidade que não pode mudar”, descreve o intérprete, que considera Leopold um anti-herói.
Além do professor, o grupo de leitura é composto por sete pessoas: quatro atores e três ex-alunos dele. O servidor público André Ardens, por exemplo, interpreta os monólogos do protagonista Leopold desde a primeira edição. “Para ser sincero, eu nem lembro por que fui o escolhido. Talvez seja porque eu fui deixando o bigode crescer”, brinca Ardens. Ele teve o primeiro contato com Ulisses nos ateliês de literatura ministrados pelo professor Eyben. “Ao ler alguns trechos do livro, comecei a me interessar por tudo que estava relacionado a ele. Passei a ler comentários e assistir a filmes sobre a obra para entendê-la melhor”, recomenda. No dia de Bloom, ele é Leopold, com direito a figurino: terno e gravata pretos e o chapéu coco. “Todo mundo tem algo em comum com o personagem. Ele não é nada brilhante, está impregnado pelo patético e frustrado pela realidade que não pode mudar”, descreve o intérprete, que considera Leopold um anti-herói.
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