terça-feira, 14 de junho de 2011

A visita do tio Miguel

Bia, Fátima e as meninas na despedida final do tio Miguel
Quem veio nos visitar por esses dias foi a Mônica, uma jovem mulher da família Calmon. Saiu de casa em São Paulo e foi pela estrada a fora até achar Minas Gerais;  de carro; e sozinha. Achou um Pouso Alegre, um Belo Horizonte, uma Cordisburgo, a casa de Guimarães Rosa... Às vezes telefonava e dava notícias do trajeto pelo celular. Depois de centenas de quilômetros rodados pelas BRs e pelas veredas de seu próprio interior, Mônica chegou em Santo André com a mala cheia de guloseimas: simpatia, bom-humor, livros, discos, afeto...
Além de uma enorme surpresa. Pouco depois de tirar a mala do automóvel, acomodar a bagagem no quarto de hóspedes e trocar os primeiros diálogos conosco ela disse que precisava voltar até o carro “para pegar o tio Miguel”.
Ficamos boquiabertos; desconcertados. Miguel já morreu...e foi cremado...
O enigma só foi desvendado quando ela retornou à sala trazendo uma urna funerária que estava no porta-malas. Ali dentro estava o tio Miguel, em cinzas... “E contudo, para mim, o que é essa quintessência do pó?”, diz Shakespeare (em Hamlet), referindo-se ao ser humano...
Pensamos que Mônica havia trazido as cinzas do ausente para jogá-las no mar; é costume, para alguns.  Que nada. Ela trouxera o tio Miguel “para dar uma voltinha”; ele não  teve a chance de  conhecer o Nordeste em vida. Veio em morto. Ficaram uns 8 ou 9 dias aqui em casa, os dois.
E se ela esquecer o tio Miguel aqui?
Hoje fiquei sabendo que fim levou tio Miguel... Foi enterrado no lugar mais parecido com ele, o bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Houve uma cerimônia calmônica... Gostaria de ter estado lá...
--------------
Acrescento a esta história invulgar, os comentários da família que apareceram sob a foto acima (FB)
Mônica Calmon: "Tio Miguel, finalmente em Santo Amaro. A toda “Calmonzada” e a todos os que acompanharam esta história junto conosco."
Andréa Varella:  "E a viagem dele para a Bahia, foi boa?"
Mônica Calmon: "A viagem pra Bahia foi lindeza de tudo. E na volta, ainda visitou a Ângela em Andradas, além de ter curtido o friozinho na Mantiqueira... hehehe”
Clóvis Calmon: "Mônica, então tio Miguel descansou em paz”
Lucas Calmon: "Não houve melhor despedida. Enraizado em Santo Amaro”
Mônica Calmon: "Acreditem: é uma praça que se chama "Miguel Mil e Um" em frente à padaria Flor das Américas, bem pertinho da Rua da Encrenca. Foi demais!"

2 comentários:

Mônica disse...

Tia querida.Saudades de Sto André, mas principalmente saudade do sossego de estar com vcs. Não imaginam quanta coisa levei na minha bagagem de volta, que até agora estou processando. As minhas conversas na beira do fogão com o tio, e outras contigo na varandinha...Enfim, adorei seu post. Esta história já deu o que falar e confesso, que só não o joguei antes porque sou meio enrolada e foi ficando, ficando... e esta história do tio sair, badalar e viajar comigo foi se criando. tinha que divulgar no face não só para calmonzada, mas pra todos os meus amigos que acompanharam tb. Eles chegavam a pedir "benção, tio", quando entravam no meu carro. Um... chegou ao limite de pedir pra que ele me cuidasse durante a viagem. Tia, seus CDs estão sendo todos gravados, um a um. Aguarde. Beijos mil e um, como na praça. Mônica

olimpia disse...

Moniquinha, eu também ainda estou processando sua passagem por aqui... venha mais; foi tão bom!
beijocas, de
tia olimpia