"Tínhamos onze anos. Amélie e eu, e toda quinta-feira à noite, entre as quatorze e dezessete horas, sistematicamene, percorríamos as grandes lojas de departamento para surrupiar alguma coisa. Um ano se passou. Um dia, a mãe dela, desconfiada, inventou que tinha recebido a visita de um policial que havia nos visto, mas que, por causa de nossa idade, nos daria uma segunda chance: a partir de então, ele ficaria de olho e, se não fizéssemos mais nenhuma bobagem, estaríamos perdoadas. Passamos as semanas seguintes andando pelas ruas tentando advinhar quem, entre todos os homens à nossa volta, era o policial que nos seguia e, depois, tentando nos livrar dele, quando achávamos tê-lo localizado. Não tínhamos mais tempo para roubar. Nosso último furto foi um par de sapatos vermelhos grandes demais para nós. Amélie ficou com o pé direito, eu, com o esquerdo."
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sophie calle
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