sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Balthasar Klossowski de Rola (Balthus)



Adoro ver as reproduções deste pintor com nome de Rei Mago ("Balthasar") Klossowski de Rola, o Balthus. Olhem esta rua, sobre a qual um poeta, um Stephen (será dublinense?) escreveu em francês e eu passo uma traidora tradução.
É mais ou menos assim:
"Cruza a rua o carpinteiro com uma tábua dourada sobre o ombro, como carrega sua vida. Está construindo um muro que o proteja.
A menina golpeia uma e outra vez a bola vermelha com sua raquete azul.
O casal oriental desejaria dançar sempre assim: girando por uma rua concorrida, com a mão dele enlaçando a cintura dela enquanto ela se deixa cair na música (Ravel, Bizet...).
Ao padeiro ocorreu alguma idéia que se ergue como um pilar a espera de outra. Vê farinha caindo como neve, cobrindo as gentes que procuram andar, e ao final se transformando em fatias redondas de pão branco.
Nos braços da mãe cruel, vai um bebê velho, durante anos protagonista de películas mudas. Quer explicar que no ônibus o confundiram com outro, porém não encontra palavras e em casa terá que suportar outra vez que lhe dêm um banho horrível.
O trabalhador visionário se imagina num grande salão e começa a se perguntar aonde vai o sol quando é noite, aonde vão as moscas no inverno... enquanto isso uma multidão de gatos e cachorros se ajunta em silêncio para escutá-lo.
Nove pessoas estranhas entre si que que olham para diante e não percebem que nesta ruela os passantes dão voltas em círculos exatamente diferentes, exatamente iguais: vidas idênticas iniciadas sozinhas, transcorridas sozinhas, concluídas sozinhas, isoladas como pontos no firmamento, como estrelas no imenso espaço negro. "

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