terça-feira, 4 de agosto de 2009

Edgar Morin: um olhar para o Brasil


Leio com interesse crescente uma entrevista no jornal com o filósofo, sociólogo, historiador e economista francês, Edgar Morin, um dos mais vigorosos pensadores em atividade na Europa.
Basicamente, Morin propõe a idéia de metamorfose, de uma transformação natural e radical como de uma borboleta, que se destrói e se constrói para se transformar, para adquirir novas habilidades, como a de voar.
Sobretudo, Morin proclama o surgimento de uma religião da fraternidade, resultante do fato de “estarmos perdidos e, assim, necessitarmos uns dos outros”. Ele crê num futuro mais humanista – que, para tanto passa pelo Brasil. O filósofo acredita que a palavra que vai reger o futuro da humanidade será solidariedade e não mais o individualismo e a burocratização, que é o reverso da solidariedade.
A grandeza do Brasil será um exemplo para essa civilização do futuro,que ele chama de civilização do Sul, calorosa em oposição à cultura anglo-saxônica. Esta não suporta o toque e, infelizmente, influenciou muito a cultura brasileira, que sempre subestimou sua capacidade. O brasileiro não só assimila bem outras culturas, mas demonstra uma curiosidade inusual, uma cordialidade única.
Como Stefan Zweig, Morin acredita que o Brasil é mesmo “o país do futuro”, mas que precisa antes enfrentar o seu maior obstáculo: a corrupção. E sugere para isso uma reforma no campo educacional, defendendo a transdisciplinaridade e o incentivo à idéia de soladariedade, que irá prevalecer necessariamente no futuro.
Os trunfos do Brasil em relação ao resto do mundo, diz Morin, estão na miscigenação cultural e na biodiversidade da Amazônia. Se o País souber aproveitar isso, assegura, poderá assumir a liderança mundial num projeto reformista que implique uma mudança multidimensional “conduzida por homens de boa vontade para criar uma nova civilização.”

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