sábado, 25 de abril de 2009

Vozes da África (Afonso Loureiro)

Bem, o texto abaixo, de Afonso Loureiro, português residente em Angola, deveria ter saído logo acima de um glossário que está lá embaixo. Só que na hora de postar, a conexão caiu (a internet aqui opera ao ritmo de tambores) e saiu fora do lugar. Que confusão.
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"Quando se fala em África, imediatamente se pensa em animais selvagens como os que aparecem nos documentários dos fins-de-semana televisivos.
A minha estadia em Angola não se tem resumido, como muitos, a Luanda ou outra grande cidade. Tenho percorrido muitas estradas esquecidas e visto muitas paisagens soberbas. O número de animais selvagens que avistei é que tem sido uma desilusão. Resumem-se a alguns pássaros, dois pequenos bandos de macacos, lagartos, osgas, ratos, mosquitos.
Nos mercados já vi uns quantos veados e pacas prontos a entrar na panela, mas acho que esses não contam. Tal como não devem contar as peças de caça que se vendem na berma da estrada.
Mesmo sobrevoando as terras mais a sul, nem rastos de veados se encontram. As chanas, locais habituais para encontrar os bichos, estão desertas. Com o início das chuvas as pastagens não se resumem a estas terras alagadiças e isso poderá explicar a ausência dos animais.
Dizem que no parque da Quiçama, às portas de Luanda, há girafas e elefantes importados. E avestruzes que falam Botswanês ou Zambiano. Fico com uma certa curiosidade em ir lá dar um passeio, mas será que isso não é apenas ir espreitar um jardim zoológico mais espaçoso?
Contam os mais informados que até nas Terras do Fim do Mundo, lá para os lados do Rivungo, os animais se recusam a passar a fronteira. Do lado de cá há as minas, que não estropiam só humanos…Talvez no Cacimbo, com as pastagens mais secas, as chanas se encham de animais e possa ver a vida selvagem que tanta fama traz a África"
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o site do Alonso: http://afonsoloureiro.net/blog

Um comentário:

m.Jo. disse...

As minas mataram quase todos os animais das matas angolanas. Até a palanca negra, símbolo nacional, era dada como extinta até outro dia, quando um exemplar foi visto em algum lugar. Eu estive no Parque Nacional da Kissama. Uma visita ao jardim zoológico de Brasília teria sido mais produtiva.