segunda-feira, 3 de agosto de 2009

baleias jubarte



Dias atrás uma baleia jubarte veio dar na praia de Santo André: infelizmente, quando chegou aqui já estava morta. Talvez estivesse a caminho do arquipélago de Abrolhos pois é de julho a novembro que estes cetáceos migram da Antártida até as águas quentes da Bahia para acasalarem e terem os filhotes.
Quem já viu o espetáculo do salto de uma jubarte não esquece: o corpo fica quase completamente fora d’água como se fosse alçar vôo, suas longas nadadeiras peitorais parecem as asas de um pássaro. É fascinante ver aquele corpo imenso projetado no ar em clima de acrobacias. O mamífero pode pesar de 35 a 40 toneladas e medir 16 metros de comprimento.
Mas voltando à Santo André: apareceu uma pessoa do Instituto Baleia Jubarte, sediado em Caravelas. Contudo, nada pode fazer. Recomendou que se acionasse a Prefeitura e que se cavasse uma vala para enterrá-la com cal. Não sei se a Prefeitura foi notificada, nem se alguém tomou alguma providência neste sentido.
O mau cheiro está pesado e ninguém se aventura ao banho nem marítimo, nem fluvial.
Hoje de manhã passei na praia para ver novamente a carcaça da baleia. Dia a dia o entulho orgânico se reduz. Pressinto que o tempo, a natureza e algumas ações dos moradores eliminarão até os vestígios da baleia: os urubus estão fartos de tanta comida, os trabalhadores da praia fizeram o tal buraco para enterrar, e algumas pessoas descarnavam os ossos para fazer artesanato.
Alguém pegou um osso gigante para fazer um sofá.
Sofá Jubarte.

Um comentário:

piero eyben disse...

sem tempo, ao tempo
retorno, aos poucos,
a massa, toda vida,
reduzindo-se...
os ossos também são
marcas da passagem,
movência da habitação:

enquanto a jubarte
decai, em seus odores,
o tempo salta. mares
de enseada, ondas
dessa manhã, escura
ainda: retorno
das peles de quem
nem foi.