domingo, 23 de agosto de 2009

O cais de Santa Cruz Cabrália


"O cais, navios, o azul dos céus
Que será tudo isto como o vê Deus?

Que forma real tem isto tudo
Do lado de onde não é absurdo?

Olho e de tudo me perco e o estranho.
É como se tudo fosse estranho

O cais -- que irreal de pesado e quedo
Os mastros dos barcos estagnam medo


E agora erguendo-se na hora incerta
O mundo fica uma porta aberta

Por onde se vê, simples e mais nada,
Uma outra porta sempre fechada.

Entre a vida e o sonho, entre o sol e Deus
Há enormes abismos pálidos e ateus."
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Fernando Pessoa. "Poesia "
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foto do Cláudio

Um comentário:

Anônimo disse...

escolhi esse cantinho aqui para deixar esse poema aqui pra ver se gostas e divulgas.

bj

Emil


O sol nada mas é que um capricho da escuridão !

pode vir como tiro certo no desequilíbrio
como dúvida na sopa da verdade
como letrinhas de farsa

a vida tem um teatro de tamanha grandeza
que envolve a verdade que cada um vive
mesmo que seja mentira
mesmo que seja utopia
ou mera condescendência
avalanche de incoerência
agir com beleza é dar
um passo pra dentro ou pra fora
falando bagaço com coentro que "bafora"
o verdadeiro tempero está na colher do agora
talvez só o fale quem corta feito samurai
na arte do japonês
facão certo no peixe do dia
nunca com garfo
na língua do talvez