"[O lugar do poeta é] precisamente onde está. Continuamente só, esperando a morte, desejando que ela lhe traga um novo corpo [poema] ou que desapareça de vez. Em rigor, só o poeta espera a morte ou a morte da morte. Todos os demais ou se dirigem a ela [o filósofo] ou tentam escapar-lhe [o homem de ciência] ou, muito simplesmente, esquecê-la [o homem comum]."
Paulo José Miranda
----------
"Staring back" - foto de Chris Marker
2 comentários:
rumor, da fala humana,
caminhando na floresta
negra: há ainda flama -
encanto do fugir e ser
ainda ausência, na origem,
no ocaso do desgarro -
conversas, na espera,
do silêncio - o tempo -
na quina dos quintais:
ainda canta-se, apesar
de tudo, escondendo-se
do longe, mas na distância -
a réplica da máscara, en-
quanto espero - esquece-se -
o nulo da frase, o oco
do objeto, do domínio pa-
tente do imaginário, por ser
já morte, mas também eterno
repetir-se, na força do fora,
no pouco da calma, do obtuso
e do estrelado, comum.
Mas, ainda, com Blanchot: "A leitura nasce no momento em que a distância da obra em relação a si mesma muda de sinal, não mais indica o seu inacabamento e sim a sua realização final, já não significa que ela ainda não está feita mas que jamais teve que ser feita".
Postar um comentário