terça-feira, 10 de março de 2009

Viagem a Istambul



A cidade só ganhou este nome recentemente, em 1930. Desde os primórdios – até 1453 – todo o mundo a chamava de Constantinopla e antes, rebobinando para dentro da Antiguidade, era conhecida por Bizâncio.


O imaginário ligado a esta cidade é mágico, surreal, não tem como não pensar nas “Mil e uma noites”, em tapetes voadores e odaliscas bamboleando os umbigos cheios de pedras – essa moda de piercing é antiga.


O jeito de chegar lá foi aleatório, meio irreal também. A bordo de uma esteira rolante de uma estação de metrô numa capital européia, vimos o cartaz publicitário de um "pacote" incrivelmente barato para uma estadia de 5 dias em Istambul. Compramos e fomos instruídos para tirar o visto de entrada. À época o país era governado por militares e os funcionários do consulado turco se portaram de uma forma um tanto truculenta, pareceu-me.
No aeroporto pedi ao meu marido que se desfizesse de uma garrafinha de uísque que ele comprara no free shop; a lembrança do tratamento no consulado aliada ao fato de estarmos nos dirigindo a um país muçulmano me amedrontou. Contrariado, ele me atendeu, e eu precisei enfrentar seus olhares inamistosos e ironias durante toda a viagem.
É que do nosso lado sentou um turco com duas caixas de uísque, caixas mesmo, ficaram no corredor do avião, na maior sem cerimônia. Para irmos ao banheiro era necessário escalar as atravancadas caixas de bebidas.
Quem disse que eles não bebem...

A cidade das mesquitas veio envolta em sonhos: dos mares bíblicos, Mármara, Egeu e Negro, a Ásia depois da ponte, os doces de fazer inveja a qualquer pâtisserie ocidental, o caviar sevruga comprado a preço de banana, os carneiros assados.
Em viagens, adoro me esbaldar na comida local.
Ainda: o mercado das mil e uma lojas existe mesmo, ruelas e ruelas com cheiros de especiarias, o luxo dos tapetes persas contrastando com a simplicidade dos kilins, o fulgor do ouro nos braceletes e anéis e quinquilharias e tal.

Debalde, esperei ver Marco Polo surgir a qualquer momento, quem sabe, com o Kublai Khan a tiracolo.
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Istambul é o nome de um livro escrito pelo escritor turco e prêmio Nobel, Orhan Pamuk.
Eu pretendia fazer um post sobre o processo criativo deste autor; passei parte desta madrugada lendo “A maleta de meu pai”, um livro bem fininho sobre sua poética e que me arrebatou.
Quem sabe amanhã ou na semana que vem.

Um comentário:

m.Jo. disse...

Olímpia,
Viajei na sua viagem. Istambul é pura mágica mesmo. Vi um homem puxando um urso preto pela coleira, andando ambos calmamente pela rua.
E conheci um mercador de tapetes que ...
Bjks