terça-feira, 24 de março de 2009

FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty




Estou pensando em ir ao FLIP deste ano, no começo de julho, em Paraty. Só fui um FLIP até hoje, mas espero não perder mais nenhum.
Literatura e Paraty fazem uma dobradinha linda.
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O homenageado deste ano será Manuel Bandeira.
Na página oficial do evento achei este texto dele. Poder-se-ia chamá-lo de blog do Bandeira.
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Nome: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho.
Nasceu no Recife, na rua Joaquim Nabuco, em 1886. Solteiro, sem filhos.
É míope, usa óculos e se sente infeliz por isso.
Já deixou duas vezes de fumar e não tem muito orgulho disso, porque acha que é mais fácil deixar de fumar do que fumar pouco.
Agradece os livros que recebe e responde as cartas; danado da vida, mas responde. Gosta de criança e de animais, sobretudo de cachorro. Não gosta de abiu nem de caqui, nem de melancia. É contra os regimes totalitários, da direita ou da esquerda, contra a lei de inquilinato e contra a mão-única nas ruas Marquês de Abrantes e Senador Vergueiro.
Cada vez mais admira e estima o poeta Carlos Drummond de Andrade, e diz: “Quem não estiver de acordo, é favor não falar mais comigo”.
Romancistas brasileiros de sua predileção: José Lins do Rego e Rachel de Queiroz. Seu cronista predileto: o velho Braga. Pintores brasileiros de sua predileção: Portinari, Pancetti e Cícero Dias da 1ª fase. Compositores brasileiros de sua predileção: não tem predileto. Pertence ao Partido Socialista Brasileiro.
Não é requintado: gosta de jiló, cinema falado, rádio, mesmo com “friture”, e de poetas de segunda ordem. Detesta escrever para jornais e falar em público. Não tem nenhuma religião, mas a de sua simpatia é a católica. Se pudesse recomeçar a vida, gostaria de ser o que não pode: arquiteto.
Gosta de todo gênero de leitura, sem predileção. Tem medo de ter medo na hora de morrer. Gosta mais de visitar do que ser visitado.
Não tem secretário nem criado, e prepara o seu café da manhã; sabe fazer muito bem sorvete de café e doce de leite.
Gosta da solidão.
Com um poema publicado num jornal conseguiu que o prefeito mandasse calçar o pátio para onde dão as janelas do seu apartamento.
Não se casou porque perdeu a vez.
Ri com muita facilidade porque é dentuço.
Faz versos desde os dez anos de idade.
Coisas que mais detesta: fila de qualquer coisa, responder a enquetes, dar opinião sobre os pardais novos, esperar retardatários, fazer plantão em guichê, viajar de trem etc.
Gosta de: tirar retratos, ver figuras, ler suplementos literários, bestar etc.
Gostaria de morrer de repente, mas em casa. "
MANUEL BANDEIRA
(texto condensado)

Um comentário:

m.Jo. disse...

Gostei muito daquela parte que diz que “Quem não estiver de acordo, é favor não falar mais comigo”.
Viva o Manuel!