quarta-feira, 27 de maio de 2009

o que levar nas viagens


Segunda-feira, dia bom para mudar de casa, preparei a mala, joguei no lixo os comestíveis perecíveis, a sandália de fitas amarelas não ficou pronta (disse-me o impassível sapateiro), nem encontrei a dose certa do remédio nas apressadas farmácias; mas consegui falar com a vizinha, uma senhora de olhar inteligente e oriental – sobre a vaga da garagem. Na última passeata pela Avenida Paulista, entrei na Galeria do Itaú Cultural, o tempo ajustado para ver uma mostra de criatividade, a gigantesca batalha naval espalhada pelo chão e outras armações; o que me divertiu naquele salão de instalações e quase vazio de gente, foi uma coluna da minha altura de pedaços de madeira cortada em quadrados, empilhados artisticamente, suponho; quando me aproximei não deu para segurar o riso: flagrei os rapazes na troca de beijos; tropeçaram no espanto e derrubaram a obra de arte.
Suspense.
Ajudei a empilhar: ficou bem diferente da forma original: deve ser isso que chamam de arte interativa.
No ponto de táxi, 4 veículos e nenhum condutor. Arrastei a mala até o posto de gasolina, alguém desembarcava e eu, rápido, por favor, vamos para o aeroporto. Entramos na avenida como uma escola de samba: animados e atrasados; passada a primeira quadra, vejo os olhos sem sobrancelhas do motorista pelo retrovisor e ouço a fatídica pergunta –
“A senhora sabe o caminho? ... É que não trabalho nessa região...”
O samba atravessou.

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foto de Dona Celina na balsa que vai e vem de Santa Cruz Cabrália

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