começou na segunda-feira e este ano promete ser o mais longo - vai até sexta, a partir das 20hs Marisa Orth apresentando seu número interativo
conversando com a platéia
o público compareceu em peso
o segundo número foi apresentado pelos índios pataxós Enquanto assistia ao espetáculo, lembrava do pouco que aprendi sobre o pensamento do filósofo e sinólogo François Jullien através de um ensaio intitulado Uma idéia do outro mundo, de Bernardo Carvalho. Trata-se de uma tentativa de reflexão sobre o mundo e o pensamento ocidentais a partir de um ponto de vista exterior. E como nada pode ser mais exterior do que a China (a começar pela língua que é ideográfica em vez de fonética), o autor discorre
“No pensamento chinês de tradição confuciana não existe essa distância que permite ao sujeito europeu analisar um objeto de fora. Para o pensamento chinês nada é exterior ou transcendente, o mundo não está dividido entre o aqui e o além, entre o real e o ideal, entre uma dimensão física e outra metafísica como no pensamento ocidental. Tudo acontece num constante processo de transformação a que estão submetidos tanto o sujeito como o objeto. A subjetividade e a objetividade só podem existir em correlação, em movimento, em relação interativa, de impregnação.”
Fiquei matutando sobre este aspecto do pensamento chinês ao assistir o primeiro dia do Festival Cultural do Verão daqui de Santo André. O primeiro número, humorístico, foi apresentado por uma atriz consagrada, a Marisa Orth (uma freqüentadora assídua de Santo André) com a intensa participação da platéia, crianças, inclusive. Em seguida, os pataxós de Coroa Vermelha ocuparam o palco – na verdade um espaço público de terra batida embaixo do cajueiro grande do rio – para apresentar o seu número, uma dança ritualista. Achei esta justaposição inusitada, a atriz de cinema e TV – famosa, uma star – e os anônimos indígenas paramentados, atuando lado a lado... Para compreender (ao modo chinês ) o que ali se passava procurei me lembrar que as coisas só existem em relação com as outras e que ninguém ali era espectador ou participante, mas as duas coisas ao mesmo tempo.
Fiquei matutando sobre este aspecto do pensamento chinês ao assistir o primeiro dia do Festival Cultural do Verão daqui de Santo André. O primeiro número, humorístico, foi apresentado por uma atriz consagrada, a Marisa Orth (uma freqüentadora assídua de Santo André) com a intensa participação da platéia, crianças, inclusive. Em seguida, os pataxós de Coroa Vermelha ocuparam o palco – na verdade um espaço público de terra batida embaixo do cajueiro grande do rio – para apresentar o seu número, uma dança ritualista. Achei esta justaposição inusitada, a atriz de cinema e TV – famosa, uma star – e os anônimos indígenas paramentados, atuando lado a lado... Para compreender (ao modo chinês ) o que ali se passava procurei me lembrar que as coisas só existem em relação com as outras e que ninguém ali era espectador ou participante, mas as duas coisas ao mesmo tempo.
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