quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A arte no vestuário


É o título do livro que não estou lendo (mas gostaria de estar). Li a resenha e fiquei com vontade de vê-lo na minha mesa de cabeceira. São mais de trezentas páginas cheias de roupas ma-ra-vi-lho-sas, todas retiradas de obras de arte (dezenas!), do Renascimento até a contemporaneidade, um prato cheio de rendas para quem gosta de pintura, história e moda.
É quando a roupa ganha destaque, vira estrela. Cacilda Teixeira da Costa, historiadora de arte, descreve as relações do vestuário com o corpo; também sobre a relação da indumentária com o poder, com a identidade e a sexualidade. Ela procura explicação para o fascínio extraordinário que as indumentárias exercem sobre os mestres: um drapeado perfeito, a textura dos tecidos adamascados, um decote, a forma de um punho ou uma jóia no cabelo...
Nesta pintura de Jean Fouquet, por exemplo, é fácil perceber que o artista subverteu a tradição ao representar a Virgem Maria ladeada de anjos, mas com o rosto de Agnès Sorel, a amante do rei francês Carlos VII, uma mulher que sabia usar vestidos com cauda de 8 metros e morreu envenenada aos 28 anos de idade, depois de haver transformado o rei de homem casto em monarca tarado. Fouquet apresentou uma mulher de seios opulentos, pele marmórea e rica indumentária, não esquecendo sequer do detalhe da testa raspada à navalha. Vá lá que o conceito de pudor na Idade Média relevava o seio desnudo em fase de amamentação, mas o corpete da modelo não combina nem um pouco com santidade, né?

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