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Paula Rego ("A prova da roupa") |
Quando estou dentro das salas de exposições daqui de São Paulo, gosto de me aproximar dos grupos de estudantes para ouvir as informações que lhes são transmitidas pelos instrutores de arte. O costume é explicar as obras, falar sobre o autor, seu estilo, a época e o ambiente em que viveu. Tenho dúvidas se esse método é proveitoso. Fico com a impressão que os meninos se tornam ouvintes, ao invés de “olhantes”. Talvez fosse melhor deixá-los mais soltos, sem passar tanta informação. Simplesmente deixá-los passear, olhar, e ir absorvendo como “esponjinhas” as cores e imagens, o ambiente belo e elegante onde as obras de arte estão colocadas... Acho que seria mais proveitoso estimular perguntas e observações dos alunos, sem entrar em juízo de valor do tipo “bom” ou “mau”, “certo” ou “errado”, como às vezes presencio. Na retrospectiva do artista cearense, Leonilson, por exemplo, vi uma instrutora parada no meio da sala, com um grupo de adolescentes ao ser redor ouvindo-a falar. Todos estavam
de costas para o trabalho do artista...que pena.
Afinal o que forma o nosso repertório visual e estético? Tudo o que vemos nos molda, especialmente o que vemos com freqüência, penso cá com meus botões. Se no cotidiano da pessoa o comum é ver ruas feias, casas escuras, cenas de violência, paredes pichadas, se escuta sirenas com regularidade, carros de som estridente fazendo propaganda ou deixando a música alta escapar para a rua, ela vai tender a achar isto natural.
É uma benção que São Paulo, sendo uma cidade feiosa, tenha tantos espaços de arte e cultura de fácil acesso para a sua população. Tomara que isto ajude a impregnar as retinas e as almas de seus habitantes de beleza e criatividade e que amenize a desarmonia urbana que é um traço da cidade.
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