quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A balsa de Santa Cruz Cabrália (Bahia)


Essa é a nossa balsa, o transporte coletivo que utilizamos quando queremos sair de Santo André para Santa Cruz Cabrália ou Porto Seguro.
A travessia segue a sinuosidade do rio entremeando as ilhas e os barcos de pesca ancorados pelo cais.
abaixo, uma balsa mais antiga
Ontem à noite, em torno da mesa e da conversa habitual com os amigos, alguém comentou sobre a qualidade excelente de um filme de desenho gráfico que comprara em Cabrália (pirates are everywhere) e que traz cenas mostrando sobreviventes de um naufrágio em cima de uma espécie de balsa feita de cadáveres humanos.
De relance, o amigo argentino ligou a idéia do desenho com o quadro de um pintor famoso – teria sido Delacroix? Chegou bem perto: olhei no Google e achei A Balsa do Medusa do artista romântico francês Théodore Géricuault (1791-1824) – sendo que o próprio Delacroix posou para a obra. Eram amigos.
O quadro foi inspirado pelo naufrágio do Medusa, um navio do governo que transportava colonos franceses para o Senegal quando afundou na costa oeste da África por incompetência de seu capitão que, por sinal, foi o primeiro a abandonar o navio levando a tripulação e todos os barcos salva-vidas. No início, puxaram uma jangada improvisada com 149 passageiros, mas logo cortaram a corda deixando os colonos à deriva sob o sol equatorial por 12 dias, sem víveres e sem água. Apenas 15 sobreviveram. Géricault investigou a estória com faro detetivesco, entrevistando os sobreviventes que lhe contaram passagens terríveis, de fome, delírio e loucura. A imagem dos corpos retorcidos dos passageiros desnudos é a própria representação da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista.
Abaixo, uma obra de
Ferdinand Victor Eugéne Delacroix - A Liberdade guiando o povo (Museu do Louvre)
ressonâncias do Medusa?

Nenhum comentário: