terça-feira, 13 de outubro de 2009

Considerações mínimas sobre um verão tropical



Faz menos de 40 dias que saí de Santo André para viajar, mas foi o suficiente para perceber a mudança de clima no ar – é o verão que se avizinha trazendo expectativas, sonhos caseiros e esperanças de melhoria financeira para os moradores. Normalmente modorrenta durante o inverno da escassez de turistas, a Vila vê suas atividades aumentarem no mesmo ritmo da subida dos graus centígrados.
Novos tons colorem as pequenas fachadas, reformas são iniciadas, placas de aluguel ou venda são levantadas. Era assim, até o ano passado.
Mas este ano não vai ser igual àquele que passou.
O verão deste ano quer ser diferente: vai ter festa, minha gente!
E a festa que desponta como o grande diferencial deste ano é aquela da Praia das Tartarugas, a festa que de tão controvertida ficou famosa antes de acontecer: uma espécie de pré-estréia. Mesmo estando ausente do povoado foi-me impossível deixar de perceber uma intensa troca de idéias pela rede. Trata-se de um mega-evento, em termos de Santo André, festas para um público estimado em 500 pessoas por um período aproximado de 10 dias.
É mais do que o suficiente para a Vila se agitar: a pequena rede hoteleira quase toda alugada e se espraiando para o lado de Cabrália e do Guaiú, os prestadores de serviços se organizando, os donos dos bares e restaurantes fazendo planos. Até o minúsculo mercado imobiliário se sacode e dá pinotes.
Como é natural, toda mudança é para o bem e para o mal. O mais provável é que traga benefícios econômicos para a população – e diversão para os visitantes – mas os cuidados básicos com a ecologia precisam ser observados para que possamos ter um desenvolvimento turístico sustentável.
É difícil fazer previsões, especialmente numa sociedade que muda rapidamente e em tantos aspectos. E Santo André não está fora do mundo, vivemos na mesma plataforma global, só que em nível micro. Também aqui as certezas de diluem a cada momento que passa.
Há muitas vozes nessa discussão sobre os rumos do povoado, mas acho que a nenhuma é dado o privilégio de estabelecer uma verdade. Creio que o significado profundo da democracia seja este: que não há uma verdade única, que nada permanece nem é indestrutível. Por isto mesmo acho natural que existam divergências entre nós, os moradores e amigos de Santo André: não é mesmo possível (nem desejável) pensarmos todos da mesma maneira. Tudo está submetido a um permanente debate onde falamos e defendemos posições distintas.
Acho que é a única maneira de entrarmos em acordo.

Um comentário:

Monica Paoletti disse...

Querida Olímpia, este seu blog como sempre uma delícia...embora faça muita saudade neste meu coração momentaneamente exilado em São Paulo. Acho que seria bem bacana a gente lançar uma reflexão neste diálogo democrático que está se tentando exercitar nessa comunidade: queremos ver nosso pequenino Santo André ser transformado em quê? Um grande abraço, Monica