quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Condomínio Jacqueline


Era o título original de um filme que foi trocado por "Quanto dura o amor?". Fomos vê-lo ontem no HSBC Belas Artes, um cinema antigão que existe na Paulista com Consolação. Fui com o coração na mão: depois do filme haveria um debate com o diretor e os atores. WOW. Não é todo dia que assisto debate ao vivo, porque moro num povoado baiano pequenino, etc.
E por outro lado... aquele cinema irremediavelmente me joga numa maré de lembranças da época de faculdade, isto faz mais de trezentos anos.
Eu ia toda semana neste cinema, frequentava uma salinha no porão chamada de SAC (Sociedade dos Amigos da Cinemateca). Foi ali que assiti os filmes + cults da minha vida de 18 anos. Depois ia direto para o Riviera um boteco do outro lado da rua -- a gente passava por baixo, havia um túnel.
Mas voltando ao filme: foi rodado no Edifício Anchieta, um prédio que fica precisamente em frente ao cinema Belas Artes.
Quer dizer -- você sai do cinema e entra no cenário do filme. Empolgada perguntei para dois porteiros "vocês sabem onde fica o edifício Anchieta?" e eles, que passam o dia inteiro com o edifício na cara deles -- não sabiam.
Hoje encontrei um post num blog chamado Futepoca - Futebol, Política e Cachaça que diz melhor:
"Pesquisando na internet, fiquei sabendo que, entre as décadas de 1960 e 1970, o Riviera viveu seu período de grande efervescência revolucionária, festiva e etílica. Uma miríade de artistas, jornalistas, guerrilheiros, estudantes, boêmios, hippies e desocupados passava pelas suas mesas toda madrugada. Não era difícil esbarrar em Chico Buarque, Toquinho, Vinicius de Moraes, Chico e Paulo Caruso ou José Dirceu. O Riviera existia no térreo do Condomínio Anchieta e, ao seu lado, havia outro bar agitado, o Ponto 4. Os clientes iam e vinham de um para outro e, às vezes, a polícia baixava e prendia todo mundo que estava na calçada, para ver se pegava alguém da luta armada. Dizem que o próprio delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, comandou pessoalmente algumas dessas ações.
O Bar Riviera era o destino natural, também, do pessoal que saía do Cine Belas Artes , do outro lado da avenida Consolação - hoje reformado e rebatizado como HSBC Belas Artes. Aliás, a inauguração do cinema, em 1952, foi motivada, em grande parte, pelo movimento do boteco que já funcionava ali em frente há três anos. E logo de cara já fico sabendo de uma novidade: o prédio e seu antigo bar inspiraram um filme, batizado provisoriamente de "Condomínio Jaqueline", que teve locações no velho Anchieta em junho deste ano e deve estrear nos cinemas no primeiro semestre de 2009. Deverá se desdobrar em uma série de TV e em uma história em quadrinhos, do ilustrador Papito. O filme, do diretor Roberto Moreira, conta a história de Tina, uma jovem vinda do interior que tenta ser atriz em São Paulo e vai parar no tal Condomínio Jaqueline (ou Anchieta, que é, agora, onde também moro). Na trama, ela conhece outros jovens que batalham o futuro na metrópole e, juntos, freqüentam o bar Egotrip - arremedo do que foi o Riviera. O site do filme traz uma imagem da parte de trás do prédio, visto por quem sobe a Consolação. Então é isso: interessante morar num local com tanta história. Pena que o bar se foi."
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O bar se foi, mas o cinema ficou e acho que vale a pena ver o clip com uma das músicas, a "High and Dry" do RadioHead, com a Danni Carlos.
http://www.youtube.com/watch?v=vQj6Uu5e4a0

2 comentários:

m.Jo. disse...

Pô...
Meu comentário sumiu!

Queria saber do que você gostou mais, se do filme ou do post do futepoca.
bjks

olimpia disse...

Creio que da fusão sensorial...