terça-feira, 23 de junho de 2009

O mito de Rosebud






Quem já não enjoou de ver o filme Cidadão Kane (1941) incluído na lista dos melhores filmes de todos os tempos?
Citizen Kane foi o primeiro filme do diretor Orson Welles que, nada bobo, contratou os melhores profissionais de sua época -- gente como Bernard Hermann, um ótimo arranjador de trilhas sonoras ou o fotógrafo Gregg Tolland que trabalhou com o plano de fundo como nunca havia antes feito.
Charles Foster Kane, o Cidadão Kane, é um personagem baseado na vida do magnata William Randolph Hearst, o poderoso dono de um império jornalístico. Consta que ele ficou furioso após a exibição do filme devido à palavra misteriosa que Kane pronuncia antes de morrer: rosebud (que em português significa "botão de rosa") era o nome carinhoso que Hearwt usava para denominar a parte íntima de sua mulher.
Hearst destruiu cópias do longa e o difamou em seus jornais resultando em má bilheteria.
A sequência de abertura é lendária: a câmera se aproxima pouco a pouco da mansão onde Hearst morava (Xanadu), aparece o sinal "proibida a entrada", a luz do castelo se apaga e a palavra Rosebud é sussurada de modo surreal, seguida pelo close da mão que solta uma bola de neve para se espatifar no chão e culmina com a morte de Kane. É um começo invertido, o personagem principal morre no começo do filme e sua vida é contada por meio de flash backs, um recurso que nunca havia sido empregado no cinema até então.
O mais interessante é que os flasbacks são inseridos de acordo com a visão de diversos personagens – são vários pontos de vista, o que enriquece o filme de maneira ímpar.
Mas afinal o que é Rosebud?
Numa resposta fácil, é o trenó de Kane, o símbolo de sua infância antes de se separar de sua mãe para assumir o império que lhe estava destinado. A palavra representa o único tempo feliz na vida de uma pessoa que teve tudo e ao mesmo tempo não teve nada pois não soube transformar sua riqueza material em enriquecimento espiritual.
Rosebud é a busca do tempo perdido a que todos estamos submetidos, a eterna e antiga insatisfação da humanidade.
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cabeçalho do blog de Pedro Henrique
foto de Orson Welles

Um comentário:

m.Jo. disse...

Eu sou uma, já enjoei do Cidadão Kane. Enjoei também do Encouraçado Potenkim.
Claro que a cena da escadaria e do carrinho de bebê é ótima. Mas... caramba, a fila anda.
A roda, a pólvora, o macarrão e a penicilina também tiveram o seu tempo.