terça-feira, 18 de novembro de 2008

a teia de ariadne



Pedi-lhe para deixar-me passar um pouco de sua escrita pela rede furada; agora, um fragmento poético seu grudou-se aos retalhos desta colcha mal alinhavada e inacabada, por definição.

O exercício de escrever remete à clássica comparação com as figuras de Penélope e seu engenhoso artifício de tecer a mortalha de Laertes durante o dia para desfazê-la à noite (enquanto espera pela volta de Odisseu), da princesa Ariadne que forneceu o fio de lã que orientou Teseu no seu percurso no labirinto do Minotauro, de Aracne, a tecelã que urdia suas histórias em tapeçarias belas ao ponto de despertar a ira da deusa Minerva: seu castigo foi virar aranha e tecer pela eternidade.

Deve estar contando histórias até hoje. Ela e Sherazade.

Escolher caminhos é tarefa incessante: há fiapos, fios e fibras óticas em cantos e recantos. Qualquer texto traz embutido o desafio da interpretação. Lendo sua escrita, escolhi uma vereda para adentrar: surgiram sensações de nostalgia, de alegria, de saudade.

Veio também a (malfadada?) esperança de parar os cataclismos de qualquer espécie e de extinguir a dor... mas talvez essa seja outra rede furada.
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Torço para você continuar escrevendo e despertando sensações.

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