segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Museu da Casa Brasileira



Quase não penso mais no meu antigo emprego, a não ser para me felicitar intimamente por ter feito a escolha profissional certa. De uns dias para cá, curiosamente, nossas linhas estão voltando a se cruzar, seja por um crachá, uma poesia, uma colega que vai passar uns dias em Santo André ou uma exposição, como a de Elisa Bracher, filha de um antigo chefe.

Domingo passado, um dia intensamente iluminado e fresco, fui almoçar no restaurante que fica nos jardins do Museu da Casa Brasileira. Aproveitei para conhecer o acervo do Museu e ver a exposição temporária que – para meu encanto – era justamente a das fotos de Elisa.
A artista fez um estudo da Favela da Linha, daqui de São Paulo, resultando uma obra que permite ler a comunidade através da criatividade de seus moradores (que não aparecem nas fotos). A singularidade é expressa pela forma e pelas cores das moradias, sem aquele jeito de “tudo igual” que normalmente é imposto às favelas pelo olhar comum. Pelo contrário, cada casa, cada barraco, aparece de uma forma vívida, com um aproveitamento perfeito dos efeitos da luz e da cor. Dava uma vontade enorme de tocar as fotos, os painéis pareciam ter relevo, massa corrida, rachadura...

Em contraponto, Elisa percorreu sete estados nordestinos e realizou um segundo ensaio fotográfico nas cidades de origem dos migrantes, registrando suas antigas moradias, bem menos amontoadas, menos remendadas e até mesmo dentro de paisagens.

Deve ser por isto que lá em Santo André quase ninguém se interessa em migrar para as cidades grandes. O pessoal fala que “se é pra sofrer, pelo menos que seja num lugar bonito.”


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