quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ricardo Freire no Casapraia


"Antes de sair para o meu rali pelo litoral brasileiro, há pouco mais de dois meses, eu disse que esse não era o tipo de viagem em que eu poderia descobrir novos lugares ou rever conceitos. Felizmente, me enganei. Guiado por leitores (o Thiago e o Joaquim), descobri Barra Grande, lá no Piauí. E, sob a insistência de uma amiga querida (que não lê o blog), no finzinho da viagem mudei de opinião sobre um lugar: Santo André, na Bahia.


Não é que eu desgostasse de Santo André -- longe disso. Eu prezava seu sossego e suas areias desertas; já gostava muitíssimo de uma pousada, a Victor Hugo; e tinha ficado deslumbrado com a simpatia, a elegância e o arroz-de-polvo de Maria Nilza, na praia do Guaiú. Tudo isso, porém, não me parecia suficiente para me fazer abrir mão do Quadrado de Trancoso, do footing do Arraial d'Ajuda ou da beleza da praia do Espelho.
Só que, desta vez, conheci um lugar que me balançou.
Saí de Itacaré de manhã cedinho. Quando entrei com o carro na balsa de Santa Cruz Cabrália para atravessar o rio João de Tiba, eu já tinha rodado 524 km. Mal sabia eu, porém, que a viagem ainda estava por começar.

A Casapraia é um restaurante que funciona também como clube de praia. Cheguei tarde demais para aproveitar as tendas junto à areia, então pedi logo o cardápio.
Pois bem -- o cardápio não é só um cardápio. É um álbum de viagem dos donos da Casapraia, o Pablo e o Amadeo, dois argentinos que saracotearam pelo mundo inteiro antes de encontrar Santo André.
Cada prato é inspirado em alguma coisa que eles comeram em algum canto do mundo -- e em vez de vir descrito apenas com os ingredientes, vem também com as anotações de viagem do momento em que eles provaram aquilo.
Dá para ser lido como livro -- viaje na viagem gastronômica! Fiquei tão entretido, que por alguns instantes esqueci que não estava acompanhado
Em vez de pedir um dos pratos principais, decidi escolher duas entradas. A primeira, uma berinjela thai ensinada por um cliente. Agridoce, ardidinha, diferente de toda berinjela que eu já comi Segunda entrada: "otakes baianos" -- moquequinhas de siri envoltas por folha de bananeira, apresentadas à maneira dos otak-otak malaios (que vêm recheados com uma espécie de mousse de peixe).
Mesmo sob a ameaça dos bafômetros, não resisti a pedir um drink (unzinho só, vai) que me pareceu uma viagem sob forma líquida: sakerinha baiana -- uma caipirinha de sakê, abacaxi, leite de coco e alecrim.
Adorei -- mas eu diria que é uma pina... descolada!
De sobremesa, semifreddo de chocolate e chocolate branco (a razão pela qual eu decidi substituir o prato principal por uma segunda entradinha). Ao terminar o almoço, eu tinha certeza de que precisava voltar para uma temporada em Santo André -- quanto mais não fosse, para conseguir terminar de ler o cardápio :-)
A Casapraia só tem um defeito: não fui eu que descobri. Os poucos e bons que já passaram por lá ficaram tão encantados quanto eu. Não há absolutamente nenhuma novidade em nada disso que eu escrevi daqui para cima.
Felizmente sobrou uma notícia para eu dar em primeira mão. Oba!
Semana passada a Casapraia inaugurou um bangalô espetacular, com deck e ofurô, num estilo que eu definiria como japa tropical: minimalista, mas arejado e integrado à paisagem. Não vi como ficou depois de decorado, mas só pelo trailer eu já incluiria o lugar tranqüilamente na minha lista de superbangalôs de praia (e o que é mais interessante: na faixa de preço mais em conta)."
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A foto é do restaurante CasaPraia.

Não deixem de ver as fotos do Ricardo, ainda mais que hoje talvez não tenha imagem no blog porque a internet está operação tartaruga. Pena, sou adicta de imagens; adoro a brincadeira de juntar a foto com o texto... oh, well.

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