sábado, 15 de novembro de 2008

Maria Bonomi na Estação da Luz



Foi como Maria Bonomi batizou a obra que fica num dos túneis da Estação da Luz, no centro de São Paulo.

A obra é dividida em três cores: branco-neve, amarelo-ocre e vermelho-terra. A parte amarela remete à literatura de cordel. No vermelho, estão representados mais de 600 objetos esquecidos na Estação ao longo de cem anos. No branco puríssimo, há ilustrações de figuras abstratas, linha de expressão mais conhecida da artista.

Esta semana, quando fui ver a exposição dela na Pinacoteca, desci do metrô na Estação da Luz e passei em frente a este mural gigantesco (73 metros de comprimento e três de altura), sem prestar a mínima atenção.

Na volta, tomei um susto quando olhei para ele. Parecia ter adquirido vida! Parei para olhar com calma, especialmente a parte vermelha, a dos objetos esquecidos: quantos óculos, sombrinhas, livros, malas, objetos musicais, ferramentas, crianças... Fiquei ali parada um tempão com um nó na garganta...

Ontem, quando me dirigia ao Cinema Belas Artes para ver o último filme de Woody Allen (“Vicky, Cristina, Barcelona”, uma obra divertida e inteligente), estanquei surpresa com o painel que circunda um prédio na esquina da Rua Bela Cintra com a Av. Paulista. Nas placas de concreto que envolvem as fachadas do pavimento térreo, reconheci imediatamente outra obra desta artista plástica que cinco dias atrás era apenas uma vaga referência artística na minha cabeça.

Do site http://tc.batepapo.uol.com.br/convidados, retirei pequenos trechos de uma conversa da artista.

“Eu me inspirei na história da estação da luz. A estação de trem é um lugar em que as pessoas chegavam em SP cheio de esperanças. Busquei referências do que as pessoas traziam em suas viagens, sua emoções... E quis traduzir em cores tudo isso que descobri, por isso eu dividi o painel em três cores: branco, que simboliza o futuro, que está no triângulo central, em outra parte há uma cor vermelha, que simboliza a cor das nossas terras. E para terminar, um amarelo, que faz referância à terra seca do nordeste.”

(...) “Eu batizei o painel de Epopéia, com a ajuda de um grupo de colegas e trabalhadores da arte que me ajudaram a compor a obra. Para mim, todo mundo passa por duas "epopéias", uma dela faz referência à luta de cada um de nós e a segunda epopéia de todo mundo é a busca de um mundo melhor. A "Epopéia" da obra é uma referência à busca dos povos brasileiros que vieram buscar uma vida melhor em São Paulo.”

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