Desde o ano passado vige uma lei no Afeganistão que obriga as mulheres xiitas a terem relações sexuais com seus maridos a cada quatro dias, no mínimo -- ou seja, a mulher, querendo ou não, precisa manter relações com seu marido; caso não queira o marido tem o direito de violentá-la. Ou de não lhe dar comida.
A emenda ao texto original aprovada pelo governo manteve as partes mais opressoras, incluindo esta, que permite que o marido não dê comida à mulher enquanto esta se recusar a fazer sexo. A lei determina também que a esposa peça ao marido permissão para trabalhar e, ainda, dá a pais e avôs a custódia exclusiva dos filhos.
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A emenda ao texto original aprovada pelo governo manteve as partes mais opressoras, incluindo esta, que permite que o marido não dê comida à mulher enquanto esta se recusar a fazer sexo. A lei determina também que a esposa peça ao marido permissão para trabalhar e, ainda, dá a pais e avôs a custódia exclusiva dos filhos.
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Isto acontece num dos países mais pobres e sofridos do mundo... Mas existe compaixão por lá. O escritor Atiq Rahimi, por exemplo, escreveu um belíssimo livro sobre a condição da mulher afegã, trecho abaixo:
"Durante a alvorada, quando a voz ríspida do mulá chama os fiéis para a oração, um ruído de passos arrastados se faz ouvir no corredor da casa, aproxima-se do aposento, distancia-se dele e volta. A porta se abre. Entra a mulher. Ela olha o homem. Seu homem. Ele continua lá, na mesma posição. No entanto, seus olhos a intrigam. Ela dá um passo à frente. Ele está com os olhos fechados. A mulher se aproxima ainda mais dele. Um passo. Sem ruído. Depois, dois passos. Ela o olha. Não distingue coisa alguma. Ela duvida. Recuando, sai do quarto. Em menos de cinco sopros, volta com o candeeiro. Ele, sempre com os olhos fechados. Ela se deixa cair no chão. "Você está dormindo?" Sua mão, trêmula, vai pousar sobre o peito do homem. Ele está respirando. "Sim... Você está dormindo!" grita ela. Seu olhar busca por alguém no aposento a fim de repetir: "Ele está dormindo!"
O vazio. Ela sente medo.
Ela pega o tapetinho, desdobra-o e o abre no chão. Uma vez terminada a prece matinal, ela permanece sentada, pega o Corão, abre-o na página marcada com uma pena de pavão, que ela retira e guarda com a mão direita. Com a esquerda, debulha as contas do terço. "
O vazio. Ela sente medo.
Ela pega o tapetinho, desdobra-o e o abre no chão. Uma vez terminada a prece matinal, ela permanece sentada, pega o Corão, abre-o na página marcada com uma pena de pavão, que ela retira e guarda com a mão direita. Com a esquerda, debulha as contas do terço. "
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